Até meados do século XIX, a generalidade dos governantes asiáticos tratavam os enviados diplomáticos europeus com solene desprezo, concedendo-lhes a graça de meia dúzia de perguntas quase infantis. Ouçamos a descrição da audiência concedida pelo Rei da Birmânia ao embaixador inglês, recebido em 1855:
Rei:” Está o Governador inglês de boa saúde?”
Enviado: “O Governador inglês está de boa saúde”.
Rei: “Há quanto tempo saíram do país inglês?”
Enviado: “Faz agora 59 dias desde que saímos de Bengala até chegarmos vivos e felizes à cidade real”.
Rei: “A chuva e o ar são propícios a que as pessoas possam viver à vontade e em felicidade?”
Enviado: “As condições são favoráveis e o povo vive feliz”.
De imediato, o Rei levantou-se e saiu da sala do trono. Quando comparamos estes relatos com os das embaixadas portuguesas, o retrato é radicalmente diferente. As embaixadas eram recebidas com pompas, música, forças militares, banquetes e longas conversas e os enviados do Rei português entravam calçados, de cabeça coberta e cingindo espada. A última destas embaixadas "à grande e à portuguesa" foi recebida no Sião em 1858.
MCB
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