A Portugalidade é hoje um termo de uso corrente. Circula com notória visibilidade - aceitemo-lo sem falsa modéstia - desde o preciso momento em que a tirámos da sombra. Nós não inventámos o termo, muito menos a Portugalidade, não a edificámos nem a construímos; limitámo-nos a declará-la, a proclamá-la e a retirar o véu que a escondia da consciência cívica e patriótica da nação portuguesa.
Sucedeu com a Portugalidade o que acontece com as leis científicas ou com a percepção racional dos fenómenos naturais. Existem mas não são formalizadas até que alguém as demonstre. Um punhado de portugueses, conhecendo-a no coração, limitou-se a proclamá-la e a demonstrar a sua existência, ou seja, retirámo-la do subconsciente, demos-lhe forma, provámos a sua efectividade.
Os mais encarniçados adversários da Portugalidade aí estão para demonstrar que, afinal, acertáramos plenamente. A recente vaga de agressividade contra a Portugalidade revela, afinal, que algo havia a atacar. A obsessão com que alguns círculos académicos se tem obstinadamente dedicado a provar a falsidade e o carácter "mítico" da Portugalidade demonstra à evidência que a Portugalidade passou a tema obrigatório na discussão sobre a identidade portuguesa.
A Portugalidade, ou seja, os princípios ideológicos que haviam estruturado ao longo de cinco séculos o ser e a destinação da nação portuguesa, mantêm-se como argamassa poderosa que justifica a existência das nações e Estados nascidos da gesta portuguesa. Como os pilares de uma casa, são invisíveis, mas sem eles a casa não resistiria à mais leve rajada de vento. Durante muitas décadas, o nós que são os angolanos, os moçambicanos, os cabo-verdianos, os são-tomenses, os brasileiros e até os timorenses proclamaram-se livres, pelo que se desaportuguesaram, não compreendendo que, ao fazê-lo, perdendo-se e alienando-se da Portugalidade, se negavam.
Por muito que custe a quem nos ataca, deprecia ou simplesmente finge desconhecer-nos, a Portugalidade é hoje a seiva do patriotismo comum a sul-americanos, africanos, asiáticos e europeus que se expressam, pensam, trabalham e amam em português, ou ainda daqueles cujas sociedades e instituições morais, religiosas e políticas carregam o marcante signo da nação portuguesa.
DEUS - PÁTRIA - REI
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