O Tibete foi um dos últimos destinos dos Descobrimentos, apesar de n’ Os
Lusíadas se valorizar uma nação de marinheiros intrinsecamente ligada ao
mar e ignorar os que se aventuravam pelo interior dos continentes americano,
africano e asiático, como foi o caso dos jesuítas, que desafiaram os Himalaias.
Região quase mítica, o Tibete esteve afastado do mundo ocidental pelo menos
até ao início do século XVII, altura em que jesuítas portugueses instalados em
Goa, incitados pelos rumores de que ali existiriam comunidades cristãs, abriram
o caminho a uma série de exploradores e aventureiros que apenas quase três
séculos depois ousariam partir em busca das riquezas materiais e espirituais
dessa nação.
Em 1624, após uma duríssima travessia através dos “desertos de neve” que
separam a Índia do Tibete, o padre António de Andrade e o irmão Manuel Marques
chegaram a Tsaparang, a capital do reino tibetano de Guge. Foram os primeiros
ocidentais a visitar o Tecto do Mundo. Outros pioneiros se seguiriam, optando por
diferentes rotas que os levariam aos não menos misteriosos reinos do Ladakh,
Sikkim, Nepal e Butão.
António de Andrade, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, entre
muitos outros, foram as únicas autoridades em matéria de tibetologia até à segunda
metade do século XVIII.
Inspirado pelas visitas efectuadas ao Tibete escrevi o livro “Viagem ao Tecto do
Mundo – O Tibete desconhecido”, que daria origem à série documental televisiva
“Himalaias, Viagem dos Jesuítas Portugueses” emitida pela RTP 2 e RTP
Internacional.
Nos próximos dias colocarei na página os quatro episódios dessa série,
acompanhados das respectivas sinopses, para visualização e partilha desse
extraordinário feito lusitano, até hoje, infelizmente, desconhecido pela esmagadora
maioria dos povos da Portugalidade.
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