Pode falar-se de renovação, não no sentido que cada um lhe queira dar, negativo ou positivo, mas sim no seu exacto significado, ou seja, "tornar novo" ou substituir uma coisa velha por outra nova da mesma natureza.
Podemos discutir se Marcelo e Cavaco são da mesma natureza, mas não podemos discutir Portugal.
A Pátria, no seu sentido intemporal, permanente e quase espiritual, não tem de estar sujeita a qualquer renovação. O Governo da Pátria, esse sim, deve renovar-se para não habituar os (H)omens ao poder.
O chefe de todos os portugueses, aquele que encarna o sentimento de pertença comum, tem esse lugar em que representa a Pátria eterna, independentemente de terem inventado um presidente que tenta, mas nunca conseguirá, chamar a si esse legado secular que é a nossa portugalidade.
Faz então sentido renovar aquilo que está sempre actualizado? Não, não faz. É um exercício sempre escusado e esgotante. Nunca um chefe que vem da parte, e é apoiado por essa parte, terá a capacidade de se libertar de forma a ser o chefe de todos os portugueses, por mais bem intencionado que seja.
Hoje, sente-se a pairar um clima de usurpação. A cerimónia toda, o protocolo, a tentativa de fazer diferente para juntar os portugueses, os discursos patrióticos, que só aparecem nestas alturas, e a confusão na capital... Tudo sintomas de um regime que quer chegar onde não pode, ao coração dos portugueses. O que é falso, o que emita, não chega ao fundo do coração.
A chefia de estado é de todos os portugueses por igual. Não pertence a ninguém e muito menos a uma classe que se julga intelectualmente superior, por dominar o Portugal dos últimos 40 anos.
É por isso que criticar a postura da esquerda radical, por não baterem palmas na tomada de posse do presidente, acaba por não ser justo. Não batem palmas porque ali está alguém em que não se revêem e que ainda por cima só foi legitimado por cerca de 2 milhões de portugueses... Assim se vê que o regime falha e promove guerras entre as forças políticas, em vez de diminuir as diferenças.
Não nos podemos deixar enganar por discursos aparentemente cheios de patriotismo, por mais tentadores que sejam. Foi este canto de sereia que noutros tempos enganou muitos portugueses fiéis ao chefe natural, o Rei.
Mesmo assim, espero que Marcelo esteja ao nível do nosso povo, mesmo que não o represente no seu todo.
(Presidente da Juventude Monárquica Portuguesa)
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