Finalmente, o justo e merecido reconhecimento a Frei Dom Manuel do Cenáculo Villas-Boas, o Construtor de Bibliotecas, com a atribuição do seu nome ao Museu de Évora, que passa a ser Nacional.
Na Reforma Pombalina e na ilustração Portuguesa dessa época, destacou-se uma figura: Frei Dom Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1814).
Foi durante a viagem de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas a Roma para assistir ao Capítulo Geral da sua Ordem (Franciscana) que Frei Manuel do Cenáculo contactou com as melhores bibliotecas da Europa, primeiro em Espanha, depois em França e finalmente já em Itália. Privou então com os sábios das Luzes, participou em colóquios e reuniões literárias, cultivando-se e percepcionando o progresso científico e literário.
Quando regressou era já uma figura que sobressaía pela sua dimensão intelectual pelo que em pouco tempo se notabilizou.
O seu papel cultural na Corte e no Reino é, então, incontornável, pois no princípio dos anos 70 do século XVIII acumulou algumas das principais funções: foi nada mais que o Preceptor e confessor do Príncipe da Beira, Dom José – futuro Dom José I de Portugal -, o protagonista das reformas de estudos da sua Ordem, enquanto Provincial, e, presidiu, paralelamente, à Real Mesa Censória e à Junta do Subsídio Literário.
É desta altura e época a compra volumosa que faz de livros, mantendo-se permanente a sua atenção ao circuito editorial europeu; mantém-se igualmente em contacto com os principais eruditos europeus da época. Torna-se ele próprio Mecenas e com o enorme stock literário que possuía institui diversas bibliotecas que torna públicas em Lisboa, no Convento de Jesus, na Real Mesa Censória e em Beja onde havia sido Bispo. Em sinal de reconhecimento, muitos, designam-no como o “Construtor de Bibliotecas”.
Frei D. Manuel do Cenáculo Villas-Boas presidiu, ainda, à condução das reformas educativas do Reino. Deve-se a Villas-Boas a “refundação” da Universidade em 1772, através do Plano de Estudos que elaborou em 1769, por desígnio régio. É ainda a principal figura da Junta de Providência Literária, que emana o Compêndio Histórico.
Mas eis que se dá o funesto acontecimento natural que ficaria para sempre gravado na memória colectiva como o Terramoto de 1755. Foi de igual modo um tsunami cultural, pois, também, as bibliotecas, inclusive a grandiosa biblioteca joanina, não resistiram à voragem do cataclismo.
Foi-lhe atribuída pela Coroa a missão de instituir uma Biblioteca Pública, e no âmbito da Mesa Censória, propõe a criação do “subsídio literário”, um imposto que incidiria sobre as bebidas alcoólicas e que serviria para financiar a aquisição de livros, assim como arranjar fundos para pagar os professores dos estudos menores. Assim pensou, melhor o fez!
Já como Arcebispo de Évora, empreende a sua derradeira missão: a instituição da Biblioteca Pública de Évora que apesar das pilhagens durante as Invasões francesas conseguiu resistir até aos dias de hoje.
Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica
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