sexta-feira, 13 de maio de 2016

DONALD TRUMP, A FALHA SISTÉMICA DA REPÚBLICA

donald-trump

«Os Estados Unidos deveriam ter um Rei e uma Rainha. Era bonito, dinamizava a economia, divertia as pessoas e até podia ser que funcionasse melhor » Nicholas Donabet Kristof

A provável nomeação presidencial de Donald Trump confirmou o que muitos têm argumentado por anos: A Democracia norte-americana não está bem e muito provavelmente pode não sobreviver a esta campanha presidencial.

A intensa obstrução política do partido republicano e o seu extremismo ideológico durante a presidência de Barack Obama minaram as normas que regem os padrões políticos essenciais a qualquer Democracia moderna. Agora os eleitores republicanos têm à escolha um candidato presidencial que funciona como um motim retórico, quebrando em pedaços as expectativas rudimentares de competência, coerência e civilidade que deveriam suster a Democracia.

Como Seth Masket, um cientista político da Universidade de Denver, escreveu no Vox, “Isto representa o fracasso mais colossal de um partido político americano na história moderna.”.

O que levanta uma pergunta incómoda. Se uma das partes em uma democracia de dois partidos é um “fracasso colossal”, não será seguro estender esta falha ao próprio funcionamento da Democracia? É a ascensão de Trump um aliviar de excesso de pressão ou a evidência de uma falha sistémica? Mas há uma solução de longo prazo: Reformar a Democracia com o medicamento mais radical, eleger um Monarca.  

Se nos conseguirmos abstrair de Jorge III e de toda a retórica que tinha algum sentido até ao séc XIX, os novos monarcas constitucionais norte-americanos poderiam servir para assegurar a Constituição, uma espécie de comandantes-em-chefe da moral e  indignação nacionais, uma barreira institucional aos trepadores do Poder e ao mau funcionamento dos dois maiores partidos.  

Os monarcas poderiam passar dias a assistir aos candidatos dos dois partidos degladiarem-se com as propostas mais atrozes com um ar de paciência próprias de quem está habituado às efémeras lutas pelo Poder.
 
Tudo isso daria tempo ao monarca para elaborar uma verdadeira estratégia de limpeza que obrigasse aos partidos focarem-se mais na qualidade e viabilidade das propostas em detrimento da retórica do assalto ao voto que se foca mais na liberdade de porte de arma do que na resolução da falência de alguns Estados e os milhões de desempregados que se arrastam nas ruas.

“O sistema funciona na medida em que responde à raiva da classe trabalhadora (…), um grupo cujos interesses têm sido largamente ignorados por ambas as partes até agora”, disse Francis Fukuyama, director do Centro para a Democracia, Desenvolvimento e do Estado de Direito na Universidade de Stanford, via e-mail. “Trump, no entanto, tem todos os hábitos de um demagogo clássico e não vai servir bem o país como presidente.”.

Os críticos de vistas curtas poderão apresentar objecções mesquinhas, dizendo que a Monarquia não é democrática nem igualitária. Pois. Considerando que nos EUA, 1% das pessoas possuem seis vezes mais dinheiro que as 80%, podemos dizer que já existe uma aristocracia, que é a pior versão do modelo monárquico, à solta sem o controle de uma figura na chefia do Estado que sobreviva à voragem do tempo.

A nomeação de Trump parece ser cada vez mais provável e mesmo que não seja eleito a falha sistémica ficou evidente e o País, bem como todo o arsenal atómico, podem um dia ficar nas mãos de um demagogo sem experiência política ou interesse público. Os americanos apreciam tanto a Democracia e a retórica republicana que deixaram para trás a reforma de um sistema que é em tudo similar às velhas monarquias medievais europeias onde a ganância de um se pode sobrepor à incompetência de muitos e à liberdade dos restantes.

Sem comentários:

Enviar um comentário