Em 28 de Maio de 1453, Constantinopla é conquistada pelo Império Otomano e cai o Império Romano do Oriente onde estavam incluídas as regiões da Hélada que acabariam por ser conquistadas uma após outra, muito pela acção da frota do pirata Barba Roxa que chegou mesmo a almirante da armada turca.
Porém, nunca os gregos se adaptaram à dominação turca que os reduzira praticamente à escravidão, e desde o início lutaram pela sua independência, mas não por uma Nação grega, pois não havia um conceito de nacionalidade grega. Após cerca de quatrocentos anos de domínio opressivo turco, nas últimas décadas do século XVIII, a Czarina da Rússia, Catarina a Grande decidiu promover a Causa dos gregos que tal como os russos eram cristãos ortodoxos. Apesar da recusa dos países ocidentais em colaborar com as insurreições das antigas províncias do comummente chamado Império Bizantino contra o Império Otomano, na região dos Balcãs começaram a nascer os primeiros eivos de liberdade. Mas o que mais contribuiu para essa ideia de libertação da Grécia foi um movimento cultural que defendia o renascimento do clássico grego, e a partir desse movimento diversos europeus fizeram eco das aspirações gregas. A Sociedade Filomusa, em Viena, era apoiada entre outros pelo Tzar Russo e pelo Rei da Baviera. Mas o momento crucial para as aspirações gregas foi a visita de Lorde Byron à Grécia. Byron que tivera uma educação refinadamente clássica simpatizou de imediato com a causa grega e tornou-se seu encomiasta. O laureado poeta granjeou para a causa muitos outros aristocratas europeus e que se voluntariaram espontaneamente para combater ao lado dos cristãos orientais. É desta época o fascínio por tudo o que era grego, e a própria opinião pública se deixou convencer fosse pela propaganda de Byron fosse pelas antiguidades clássicas gregas que enchiam os museus ingleses e franceses. Em Abril de 1824, dá-se o acontecimento decisivo para a libertação da Grécia: a morte de Lorde Byron em Messolóngi -que acabaria por cair nas mãos dos turcos. A opinião pública, consternada, pressionou as potências ocidentais a intervir e as armadas inglesa, russa e francesa, destruíram a esquadra turca em Outubro de 1827, em Navarino, preparando o caminho para a independência. Em 1829, a Grécia conquistou a sua autonomia através do Tratado de Adrianópolis. O Conde Capo D’Istria parecia vislumbrar-se como o líder para a nova Grécia, mas o seu assassinato levou as potências europeias a aplicar o regime de Monarquia para a recém-criada Nação.
Contudo, não havia Casas Principescas, Reais ou Imperiais nativas nos países balcânicos.
As Dinastias imperiais Comnenus e Paleólogo, que reinaram em Constantinopla, haviam-se extinguido aproximadamente quatrocentos anos antes. A Grécia, um dos novos países que surgiram das insurreições que perduraram por todo o século XIX, procurou, então, um príncipe estrangeiro para ocupar o trono vago.
Os gregos enviaram delegados a El-Rei D. João VI de Portugal para propor que o seu filho mais velho, D. Pedro, Duque de Bragança, se tornasse o primeiro Rei da Grécia independente. D. Pedro, como membro da Casa de Bragança, que por sua vez era um ramo português da Dinastia Capetíngea, era descendente dos Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo. Para o Reino de Portugal, a proposta era muito aliciante, pois o príncipe real afastado do Brasil impediria a sua independência.
Só que o convite dos gregos com a oferta do trono heleno chegou a D. Pedro imediatamente após os eventos do Dia do Fico (a 9 de Janeiro de 1822, D. Pedro pronunciou a frase histórica: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico!”
“O príncipe regente, porém, não traiu a confiança nele depositada pela nação brasileira, que o aclamaria seu Defensor Perpétuo. Amando verdadeiramente o povo da pátria que o viu nascer e tendo a intuição profunda da missão histórica que lhe seria dada desempenhar na terra bárbara e selvagem do Novo Continente, resistiu à vaidade de ostentar em sua fronte o diadema da pátria de Homero e de Péricles. E, assim, o Príncipe D. Pedro, primeiro imperador do Brasil, recusou a coroa dessa Grécia imortal, berço maior da cultura humana”.
Com a declinação da Coroa grega por parte de D. Pedro, os gregos optaram em 1832 pelo Príncipe Otto da Casa de Wittelsbach como seu Rei e após a sua deposição, ocorrida em 1862, escolheram Jorge, Príncipe da Dinamarca, da Casa de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, ramo principal da Dinastia de Oldemburg.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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