El-Rei Dom Carlos entendeu ser da maior importância que o Príncipe herdeiro visitasse o Império, a exemplo do que faziam outros presuntivos herdeiros das Coroas Europeias pelos seus domínios em representação dos Monarcas.
A viagem do Príncipe Real aos domínios portugueses em África foi o acontecimento político mais importante da jovem vida de Dom Luís Filipe, até porque era o primeiro membro da Família Real a fazer tal viagem. Embarcou a 1 de Julho de 1907 e visitou S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, e ainda as colónias inglesas da Rodésia e da África do Sul, quando regressava passou por Cabo Verde.
Com uma parca comitiva, mas sem precedentes, o jovem Príncipe Real foi aclamado por todo o lado que passou.
Em S. Tomé deliciou-se com a vegetação tropical e foi recebido numa colónia engalanada e em festa. Em Angola os Sobas, na sua Presença, e perante expressivos arranjos musicais dos instrumentos locais, prestaram-lhe as sentidas homenagens e juraram-lhe fidelidade. Depois, em Lourenço Marques, foi recebido, a 29 de Julho, com vivas ao Príncipe e à Pátria Portuguesa e desfilou nas ruas por entre arcos enfeitados a rigor e perante uma entusiástica população que aplaudia o seu Príncipe Real. Depois foi à Rodésia e por fim à África do Sul, onde teve um acolhimento singular da comunidade local que lhe rendeu diversas homenagens. Depois do Cabo regressou a Angola e no regresso a Portugal passou por Cabo Verde. Chegou a Portugal em 27 de Setembro de 1907, onde encontrou uma Nação em efervescência política.
Em todos os locais que visitou causou Dom Luís Filipe de Bragança a mais distinta impressão, facto pelo qual, já na metrópole foi elogiado pelo seu desempenho pelo Rei, seu pai, e pelo Conselho.
Foi por essa altura que o jovem e garboso Príncipe de olhos azuis e cabelo louro terá conhecido o amor, tendo-se apaixonado por uma jovem de seu nome Margarida, filha de uns Barões. Porém, sem desmérito para a prendada e virtuosa moça, o platónico amor não poderia, segundo os códigos da época prosseguir e transformar-se em algo mais sério, pois a um herdeiro da Coroa era esperado casar-se com alguém, também, de sangue real.
“Exercia a sua insinuante figura, a um tempo tão moça quão varonil uma atracção indefinível, por todos experimentada. Acrescia um amor pela sua terra, um fervor no sentimento patriótico que a todos também se comunicava, enquanto que uma educação primorosamente cuidada servida por uma inteligência claríssima e auxiliada pela prodigiosa memória da sua Casa, contribuía poderosamente para o êxito triunfal da viagem, destinada afinal a marcar apenas os derradeiros lampejos de glória de um Reinado a que ia em breve pôr termo a mais atroz tragédia da história”, escreveu o Conselheiro Ayres D’Ornellas in «Viagem do Príncipe Real», Lisboa, 1908, pág.8.
A 1 de Fevereiro de 1908, quando regressava de Vila Viçosa, dados ‘Cem Passos’, a Família Real Portuguesa foi vítima de um atentado terrorista perpetrado por membros da maléfica Carbonária.
Por Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
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