quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

«ÉRADES BOA PARA REI!»

  
 
Homilia na Missa de sufrágio por El-Rei D. Carlos I e pelo Príncipe Real
(Lisboa, Mosteiro de São Vicente de Fora, 1-II-2015)

1. Introdução. «Ficaram todos tão admirados que perguntavam uns aos outros: ‘Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda os espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!’ E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia» (Mc 1, 27-28). Poder-se-ia dizer, sem exagerar, que este espanto perdura, dois mil anos decorridos sobre estes acontecimentos. Se, por um lado, nos continua a maravilhar a doutrina, cheia de autoridade, do divino Mestre, bem como o seu poder, expressão da sua divina omnipotência, também nos espanta esta aguerrida oposição que Lhe é movida, desde então, pelos espíritos impuros que, embora confessando que Jesus de Nazaré é «o Santo de Deus» (Mc 1, 24), contudo a Ele se opõem através dos seres humanos que, por extrema infelicidade, por eles se deixam possuir.

A história da humanidade se resume neste combate entre o bem e o mal, aquele presente no Senhor do universo e naqueles que O seguem pelos caminhos do mundo, enquanto o mal se manifesta por aqueles espíritos que, excluídos da celestial bem-aventurança por inapelável determinação do Juiz divino, tentam seduzir os homens, afastando-os do caminho da vida eterna, com enganadoras promessas de ilusória felicidade.

2. Aniversário do regicídio. A presente celebração eucarística rememora o regicídio que vitimou Sua Majestade el-Rei D. Carlos I e Sua Alteza Real o Príncipe D. Luís Filipe, no dia 1 de Fevereiro de 1908. É uma antiga tradição e devota praxe da Família Real, em que muitos patriotas, de todas as condições, têm por bem participar.

É sempre com espanto que se evoca uma tão funesta página da História nacional, porque nela se adivinha, por intermédio da acção dos regicidas, a furiosa intervenção do poder do mal. Só aquele que é «homicida desde o princípio» (Jo 8, 44) pode explicar um acontecimento que, na realidade, parece ultrapassar a mera maldade humana.

Estariam possessos os assassinos que atentaram cobardemente contra El-Rei D. Carlos e o Príncipe Real? Só Deus o sabe, mas um tão criminoso acto não exclui uma diabólica intervenção, que a cumplicidade dos regicidas fez possível. Esta aziaga hipótese obriga-nos a rezar pelas almas das vítimas inocentes, mas sem esquecer as que o juízo humano considera culpadas. Mesmo nestes casos desesperados, assiste-nos a esperança de que, na derradeira hora, aqueles desgraçados homens tenham acolhido a graça do arrependimento e do perdão, que Deus a todos liberalmente concede na iminência do trânsito para a vida eterna, tal como ocorreu com o bom ladrão (cfr. Lc 23, 39-43). A tanto nos obriga, com efeito, o mandamento novo da nossa santa religião (cfr. Jo 13, 34-35), que ensina a todos perdoar, sem esquecer os inimigos defuntos, cujas almas podem também, eventualmente, lucrar com os nossos sufrágios.

A esta evocação de Sua Majestade, el-Rei D. Carlos, e do Príncipe Real, Dom Luís Filipe, cumpre associar a memória de el-Rei D. Manuel II, bem como a de Sua Majestade a Rainha D. Amélia e os demais membros da Família Real já falecidos. Assim sendo, depois de celebrada esta solene Eucaristia dominical, seguir-se-á uma singela romagem ao panteão da Casa de Bragança, anexo a esta Igreja de São Vicente de Fora.

3. Cumprimentos vários. Cumprimento, em primeiro lugar, Suas Altezas Reais os Senhores Duques de Bragança e restantes membros da Família Real aqui presentes, na sua qualidade de representantes de el-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real, bem como de todos os augustos soberanos de Portugal. Na certeza das minhas orações e fidelidade à tradição que tão dignamente representam, faço votos de que sejam sempre fiéis continuadores da arreigada devoção cristã que, desde os primórdios da história nacional, é apanágio da Casa Real portuguesa.

Nestes tempos de tão intensas mutações sociais, mais necessário é que a Família Real, sobretudo pela exemplaridade da sua vivência cristã, seja um modelo, não apenas para os que se revêem no ideal monárquico, mas para todos os portugueses, quaisquer que sejam as suas tendências políticas ou opções religiosas. A condição de representantes dos Reis de Portugal, que só em Vossas Altezas Reais se realiza, ultrapassa os particularismos ideológicos ou político-partidários, porque se confunde com a identidade da Pátria que, graças a Deus e à Família Real, hoje somos.

Saúdo também, com especial gratidão, o Senhor Presidente da Causa Real, o Senhor Presidente da Real Associação de Lisboa, que muito amavelmente me convidou para presidir a esta celebração, o Senhor Presidente do Instituto da Nobreza Portuguesa, o Senhor Presidente da Associação da Nobreza Histórica de Portugal, o Senhor Presidente da Juventude Monárquica, os dignitários das Ordens dinásticas de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Santa Isabel, e ainda os meus muito estimados confrades na Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém e na Soberana Ordem Militar de São João de Jerusalém, também dita de Malta.

Uma palavra ainda de agradecimento ao Senhor Padre Tiago Ribeiro Pinto, que muito me honra ao concelebrar esta Eucaristia dominical, ao Senhor Reitor de São Vicente de Fora, pela sua fidalga hospitalidade, aos acólitos, leitores, cantores e a todos quantos participam mais activamente nesta Santa Missa.

Aos restantes fiéis, quaisquer que sejam as suas circunstâncias pessoais, dirijo também uma muito fraternal saudação, com a promessa de uma especial lembrança nas minhas orações. A todos peço a esmola de uma prece para que, na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, possa também eu contribuir, ainda que modestamente, para a glória de Deus, o bem das almas e o esplendor de Portugal.

4. A santidade no estado matrimonial. «Irmãos, não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar o Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido» (1 Cor 7, 32-34), advertia São Paulo, no trecho da sua primeira carta aos coríntios, que antecedeu a proclamação do Santo Evangelho.

Muito embora Saulo de Tarso enalteça a condição dos que, por amor do reino dos céus, permanecem célibes, não seria acertado concluir que os que contraem o santo sacramento do matrimónio ficam excluídos da bem-aventurança. Também entre os fiéis casados muitos há que alcançaram a perfeição da caridade, até de forma mais perfeita do que alguns dos que se consagraram a Deus na virgindade, ou no celibato apostólico. Com efeito, nenhum santo bispo, presbítero, monge ou religiosa, por muito excelsa que tenha sido a sua virtude, se compara com a santidade daquele casal que Deus escolheu para pais terrenos do seu Filho: Nossa Senhora e São José. Por isso, a devoção cristã atribuiu, desde tempos imemoriais, o título de Santíssima à Mãe de Jesus e, a São José, que, por felicíssima decisão do Papa Francisco é agora mencionado expressamente em todas as orações eucarísticas, confiou a guarda da Igreja.

Em ano de Sínodo sobre a família, a realizar no próximo mês de Outubro, em Roma, estas palavras do apóstolo das gentes ganham uma especial actualidade, porque têm o condão de recordar que todos e cada um dos membros da família cristã devem alcançar, no fiel desempenho das suas funções familiares, profissionais, religiosas e sociais, a santidade a que todos os fiéis, sem excepção, são chamados.

5. Evocação da Rainha Santa. Não são escassos os exemplos de egrégia virtude na gloriosa história da Família Real portuguesa, mas talvez nenhum se compare à nossa Rainha Santa Isabel. É certo que, por nascimento, era infanta aragonesa, mas bem cedo trocou a sua terra pela nossa Pátria, que amou com extraordinária devoção e que serviu de forma exemplar, como excepcional Rainha, extraordinária mulher e admirável mãe. Se são naturais de um reino aqueles que nele nascem, foi em Portugal que a Rainha Santa nasceu para o reino dos Céus, pelo que não será descabido agregá-la à plêiade dos bem-aventurados que aqui nasceram para o mundo e que, por esse motivo, são também nossos compatriotas e especiais intercessores.

Nascida em 1270, a Infanta de Aragão recebeu no baptismo o nome próprio de sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria, irmã da Rainha D. Violante, que foi segunda mulher do Rei D. Jaime I, o Conquistador.

Não se sabe se chegaram ao conhecimento da jovem Infanta Isabel de Aragão relatos da virtude da sua tia santa, mas é pouco provável, porque S. Isabel da Hungria morreu quatro anos antes do casamento de sua irmã com o Rei de Aragão que, por este motivo, também não chegou a conhecer esta sua bem-aventurada cunhada. Contudo, sabe-se que foi para homenagear a sua vida exemplar que a pequena infanta aragonesa recebeu o mesmo nome próprio daquela sua tia-avó santa, a quem também se atribui, com fundamento histórico, o milagre das rosas que, muito mais tarde, será incorporado na memória da Rainha Santa, como se de um milagre de família se tratasse …

Mas a santidade cristã não se herda, recebe-se de Deus como um dom, que depois importa pôr a render, com a ajuda da graça e a correspondência pessoal. Tudo leva a crer que, não obstante a sua normalidade, aquela jovem princesa estava dotada de uma personalidade tão amável que a ela se afeiçoou, muito em particular, seu belicoso avô paterno que, embora cognominado o Conquistador, foi conquistado pela invulgar bondade desta neta. Com efeito, atribui-se à então jovencíssima princesa de Aragão a reconciliação de seu avô paterno com seu pai, na altura o Infante D. Pedro, que viria depois a reinar, sendo o terceiro do seu nome na Casa de Aragão. Nesta sua capacidade de alcançar, com a sua oração e amabilidade, a paz familiar, se prenuncia um rasgo muito próprio da personalidade humana e sobrenatural da futura Rainha Santa.

6. Exemplo de santidade na vida matrimonial. Dona Isabel de Aragão casa, a 11-2-1281, em Barcelona, com El-Rei D. Diniz de Portugal, que para o efeito se fez representar. Só um ano e quatro meses depois, a 24 de Junho de 1282, os noivos se conheceram. Consta que a Infanta Isabel de Aragão era o melhor partido entre as Casas Reais peninsulares e que o filho e sucessor de D. Afonso III de Portugal a melhor aliança para os interesses da coroa aragonesa.

Não terá sido fácil para D. Isabel, mesmo trazendo consigo alguns servidores oriundos da sua terra natal, adaptar-se à nova realidade: não só passava a pertencer a uma nova Família Real, como também se tinha que habituar a uma língua diferente e lidar com o ambiente da corte, tão propício a intrigas e maledicências. Mais difícil terá sido, ainda, a sua vida conjugal com D. Dinis, o rei trovador a que se atribuem muitas aventuras românticas, que não honravam a aliança nupcial.

Na evidência destas infidelidades conjugais, nunca a Rainha Santa deu ouvidos aos rumores palacianos sobre a vida amorosa do Rei, a quem continuou a estimar e honrar com heróica virtude. Às damas do seu séquito não consentia quaisquer murmurações sobre a vida privada do monarca, que preferia ignorar, nem outras conversas que não fossem para a edificação do espírito. Fontes coevas relatam que a Rainha Santa, dando nisto prova da sua grande dignidade, «calava o desgosto sem se queixar» (José Miguel Pero-Sanz, Santa Isabel, Rainha de Portugal, Alêtheia Editores, Coimbra 2014, pág. 65). Mais heróica foi, ainda, a sua atitude de providenciar o sustento e a educação dos filhos e filhas naturais de ‘o Lavrador’, pois ordenava que «viessem à sua presença, dava-lhes de vestir e de comer e criava-os. E outro tanto fazia com os seus aios» (Idem, pág. 66).

Talvez outra qualquer dama, em idênticas circunstâncias, se apartasse do seu infiel marido, lhe reprovasse os seus contínuos adultérios e vingasse, nessa geração bastarda, todo o furor do seu despeito e da sua ira. Não assim a Rainha Santa Isabel, que respondeu à ofensa com o perdão e com a caridade com que sempre amou o seu augusto marido, oferecendo, pela sua conversão, a própria dor que ele lhe infligia com as suas recorrentes aventuras extra-matrimoniais. Não em vão porque, segundo um cronista da época, D. Dinis, ante tão extraordinário exemplo de dignidade e de santidade da Rainha, «envergonhado das suas fraquezas e temendo a Deus, o castigo da Sua justiça, e também para limpar as manchas que tanto dano causavam à limpeza da sua dignidade real e singular condição, […] com grande serenidade se privou de todos esses defeitos e se pôs no caminho recto e verdadeiro que devia, e até à sua morte o seguiu e guardou» (Idem, pág. 70).

7. Obreira da paz familiar. Como já acontecera na Família Real aragonesa, quando se desavieram el-Rei D. Jaime I, o Conquistador, e seu filho primogénito e sucessor, que viria a ser o Rei D. Pedro III de Aragão, pai de Santa Isabel de Portugal, também ocorreram graves desentendimentos familiares na Coroa portuguesa. E a Rainha Santa que, ainda adolescente, tanto contribuiu para o apaziguamento das relações entre seus augustos pai e avô paterno, mais uma vez foi chamada a ser obreira da reconciliação e da paz entre seu marido, el-Rei D. Dinis, e o seu filho e sucessor, D. Afonso, que viria a ser o quarto deste nome, entre os Reis de Portugal.

Foi particularmente difícil a mediação da Rainha Santa neste grave conflito familiar que não só opôs pai e filho, como também provocou uma autêntica guerra civil. Santa Isabel, na delicada posição de cônjuge do monarca reinante e de mãe do pretendente, procurou serenar os exaltados ânimos do infante rebelde e do irrequieto soberano, mas com tanta infelicidade que acabou por ser mal vista por ambos. Com efeito, como junto de seu marido intercedia pelo infante, D. Dinis tinha-a por aliada de D. Afonso e, portanto, sua inimiga. Porque procurava reconduzir o herdeiro à obediência e fidelidade a seu pai e senhor, seu filho considerava-a como contrária às suas reivindicações e, em consequência, a desestimava.

A finais de 1323 as hostes dos dois partidos encontraram-se às portas de Lisboa, para um recontro que parecia fatal. Quando, no lugar de Alvalade, já voavam flechas e pedras entre os dois exércitos, a Rainha Santa, sem escolta nem palafreneiros, humildemente montada numa mula aparelhada, interpôs-se entre as duas forças beligerantes, obtendo desta forma a reconciliação familiar: «D. Afonso, com seis cavaleiros, apresentou-se a beijar a mão de D. Dinis, a quem prometeu a mais sincera obediência. A antiga Relação diz que o filho e o pai se separaram com amizade: D. Dinis para Lisboa e D. Afonso para Santarém» (Idem, pág. 150).

Os méritos de Santa Isabel não passaram desapercebidos, não só em Portugal, mas também no estrangeiro. O Papa João XXII, então reinante, tendo notícia de que, por intermédio da Rainha, se lograra a paz familiar e do reino, teve por bem felicitar a grande responsável por essa vitória, em termos que não são comuns na correspondência pontifícia: «À sua queridíssima filha Isabel, Rainha de Portugal: Com razão nos alegramos no Senhor, porque o Altíssimo fez-te ministra e cooperadora Sua para converter o teu filho primogénito ao coração do seu pai, e ao pai, o do seu filho. Como pedra angular uniste os que estavam perigosissimamente separados. Mas, como a recaída costuma ser pior do que a queda, exortamos a providência real, a fim de que te empenhes com solícita diligência, de modo que subsista o que Deus providencialmente fez com a tua cooperação» (Idem, pág. 148).

8. Santidade cristã na vida profissional e familiar. No imaginário popular, identifica-se a santidade com grandes milagres, curas extraordinárias, visões celestiais ou infernais lutas mas, na realidade, nada disto ocorreu na vida de Santa Isabel. Com efeito, até mesmo o milagre das rosas, que só no século XVI se lhe atribuiu, não tem fundamento histórico: segundo alguns dos seus mais abalizados biógrafos, esta lenda não corresponde à realidade factual da sua existência e ter-se-ia ficado a dever a uma compreensível confusão com a sua homónima tia-avó, protagonista deste facto extraordinário, que já ocorrera a uma outra princesa, Santa Cassilda (cfr. Idem, págs. 44-45).

O verdadeiro sinónimo da santidade cristã não são as coisas extraordinárias, mas, pelo contrário, fazer extraordinariamente bem as coisas comuns. Também não se conhece nenhum milagre realizado, em vida, por Nossa Senhora, a quem, por ser Santíssima, muito justamente se atribui a santidade superlativa. No mesmo sentido, mas não no mesmo grau, também a Rainha Santa alcançou a perfeição da caridade cristã e é, por isso mesmo, um exemplo para todos os portugueses e para todos os cristãos. Não foi santa apesar de ser Rainha, casada e mãe, mas precisamente através dessas suas circunstâncias, que soube santificar.

Os leigos cristãos estão também chamados à santificação do seu trabalho e do seu desempenho familiar, nomeadamente fazendo do seu ofício uma ocasião de oração a Deus e de serviço ao próximo e excedendo-se no cumprimento dos seus deveres familiares, quer honrando o seu compromisso matrimonial, quer assumindo com generosidade as exigências da maternidade e da paternidade.

9. Conclusão. «Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas» (Mc 1, 21-22).

É a coerência de vida do Mestre que dá autoridade à sua palavra, como também é a vida santa de Santa Isabel de Portugal que dá fundamento à sua devoção. Seu augusto marido, numa inspirada trova da sua autoria, disse-o de forma particularmente bela e expressiva: «E pois sabedes entender, Sempre o melhor e bem escolher, Verdade vos quero dizer, -Senhor que sirvo e servirei: - Pois Deus assim o quis fazer, Érades boa para Rei!» (http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=516&pv=sim; ob. cit., pág. 56).

Ao invocar, uma última vez, a egrégia memória de El-Rei D. Carlos I, certamente um dos melhores Reis de Portugal, e do Príncipe Real, que tão bem preparado estava para lhe suceder, queremos crer que não foi em vão que derramaram o seu sangue inocente. Como, seu augusto avoengo D. Dinis que, no dizer do poeta da Mensagem, foi «o plantador das naus a haver» (Fernando Pessoa, Mensagem, Lisboa 1934, pág. 25, verso 2), também as vítimas do regicídio foram a semente de que há-de nascer, assim o queira Deus, um novo Portugal!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

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