quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Napoleão: foi em Portugal que começou a queda

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Celebra-se amanhã o 250º aniversário do nascimento de Napoleão Bonaparte, o homem que veio da obscuridade, subiu às culminâncias, fez-se Imperador dos Franceses e morreu degredado numa ilha semi-desértica do Atlântico Sul. 

Há um culto popular em torno de Napoleão e do 1.º Império, adesão que não se confina ao hexágono. Há estátuas e bustos celebrativos de Napoleão um pouco por todo o mundo e na Bélgica, Holanda, Itália, Canadá, Estados Unidos e México, activas associações de estudos incensam, entre a lenda e a realidade, a personalidade de Napoleão. Este sobrevive ao tempo, os seus aforismos, a petite histoire das suas paixões e anedotário são património comum, até das pessoas que não lêem; a sua aventura, das escarpas escalvadas da Córsega aos campos de Waterloo, da sagração a Santa Helena, surgem como irresistíveis histórias quase tocadas pelo fabuloso. Napoleão não deixa ninguém indiferente. A passagem pela história europeia de um homem desses, que se afirmava expoente da razão e em quem outros viram a história montada sobre um cavalo, continua a ser uma bela história. 

Em 1809 e 1810 em Portugal, em 1812 na Rússia e em 1815 em Waterloo, a estrela de Napoleão empalideceu, congelou e estilhaçou-se. A derrota do Ogre, do Anti-Cristo, do Crocodilo Corso, da Besta Monstruosa, Novo Átila ou simplesmente Bonny para os britânicos – então satirizado como tronco de couve decepada, bilha partida, boneco esventrado - também convidava a interpretações providencialistas e dos desígnios de Deus, mudo desde 1789, em vão confiante no arrependimento dos homens, até finalmente se pronunciar, castigando aqueles que Dele se haviam afastado.

Entre o mito e a lenda, a propaganda e a caricatura, importa fazer a pergunta fatal. Quem derrotou Napoleão? Ora, Portugal, a Rússia e a sempre teimosa Inglaterra. Portugal foi o primeiro grande fracasso político e militar do Imperador. Há que lembrá-lo, sempre, pois, a quantos pensam [erradamente] que aquela partida da Família real para o Brasil foi um acto de cobardia. Não, se a família real portuguesa tivesse caído nas mãos de Junot, não teria havido resistência popular, heróica e desesperada, assim como não teria havido o levantamento nacional espanhol e a invasão de França pelos exércitos coligados.

MCB

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