O bergantim real é mais bela de todas as galeotas preservadas e expostas pelo Museu de Marinha, de Lisboa. O bergantim real foi construído em 1780 por encomenda da rainha D. Maria I (daí também ser chamada, por vezes, ‘galeota de D. Maria I’) e distingue-se pelos riquíssimos trabalhos de talha dourada que adornam todo o seu casco, mas com mais visível requinte na popa. Esta magnífica embarcação, concebida para ser usada no estuário do Tejo pelos monarcas e por outros proeminentes membros da casa real, era movida por 40 remos accionados por 78 robustos marujos, dirigidos por um patrão e por um cabo proeiro. A sua única superestrutura, a camarinha, está decorada com elementos luxuosos, dos quais se destacam uma deslumbrante pintura do artista Pedro Alexandrino de Carvalho e uma magnífica caixilharia de espelhos venezianos. Depois de retirado do serviço da família real, este bergantim foi utilizado em várias ocasiões solenes, nomeadamente aquando das visitas oficiais ao nosso país dos soberanos de Inglaterra Eduardo VII e, mais tarde, Isabel II (ocorrendo esta em 1957, última vez em que navegou), do rei Alberto I da Bélgica, do imperador da Alemanha Guilherme II e do presidente da República Francesa Émile Loubet. A preciosa galeota recolheu definitivamente ao Museu de Marinha em 1963, onde foi soberbamente restaurada e onde desperta a admiração dos muitos milhares de turistas que visitam, anualmente, aquela prestimosa instituição.
José de Almeida Basto
DEUS - PÁTRIA - REI
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