sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O grande problema

A imagem pode conter: 1 pessoa, a sorrir, em pé e ar livre

Leio que falhou rotundamente o programa que pretende atrair emigrantes portugueses e luso-descendentes. É evidente que programa algum terá sucesso enquanto este for um país profundamente injusto (injusto= oposto à justiça; arbitrário) e onde o trabalho honesto, a dedicação e as qualidades das pessoas raramente conseguem transpor o muro de betão, arame farpado, covas de lobo e chuços que defendem um sem-número de amesendados e medíocres bem escorados. Há pouco mais de sete anos, Portugal viu perder 300.000 jovens, ou seja, 1/3 da sua juventude - quase 10% da população activa - e até houve quem dissesse aos portugueses que se fossem embora, pois que aqui não havia futuro. 

Quando saio de casa muito cedo, por volta das seis e meia, reparo que nas longas filas para os transportes públicos só quase se vêem ucranianos, romenos, moldavos, cabo-verdianos, guineenses, angolanos, brasileiros e banglas, ou seja, a massa invisível sem a qual quase não haveria serviços de limpeza, construção civil, caixas e carregadores nos supermercados, funcionários no comércio, atendimento nos restaurantes; todos corridos com o ordenado mínimo. Se sair de Lisboa, rumo ao Algarve, reparo que as explorações agrícolas já só operam graças a braços tailandeses, nepaleses, indianos e ucranianos. Tirem toda essa gente e Portugal pára. 

Portugal não precisa mais de economistas, gestores, técnicos de marketing, sociólogos, juristas e atendedores de telefones; precisa de electricistas, pedreiros, estucadores, canalizadores, operários especializados, operadores de máquinas de precisão, artífices qualificados, mineiros...

A juventude portuguesa fugiu. A grande questão é esta e não aquelas com que a agenda das frivolidades insiste em distrair os portugueses. Portugal é uma sociedade muito doente, o regime disso não quer saber, pelo que a fuga se apresenta como a solução mais fácil.

MCB



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